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junto a quem se gosta, ouvir uma música, ou simplesmente lembrarmos algo que
nos faz feliz, pode fazer com que sejam geradas endorfinas e possamos sentir
vários prazeres; existem poucas explicações que se pode dar para isto, e é um
mistério o porquê certas coisas nos tocam de uma forma definitiva, além de
nossa possibilidade de entendimento.
Não consigo encontrar outra palavra
além de algo religioso, mesmo que eu me reserve a opção de ser completamente
cético quanto a existência de qualquer Deus, digo religioso no sentido de não
ser passível de ser distribuída, representada ou entendida, a re-ligação neste
caso vem com algo além da compreensão, não é a química fria, mas o resultado
dela.
No auge do meu ceticismo, em certas
horas me dou o direito de ir além das barreiras do lógico para embarcar na nave
da experiência. Quem é que nunca viajou nas lembranças? Quem não se emocionou
com uma música ou com uma interpretação? Quem não se sentiu perto de alguém que
já está distante no tempo, ou no espaço?
Percebe que estamos conectados de
alguma forma uns com os outros, mesmo com os que já se foram? Isto é uma coisa
louca não concorda? O que me preocupa é quando deixamos este mundo do qual
fazemos parte e passamos a perceber as coisas de forma egoísta, nos esquecendo
que é impossível ter bons momentos sem as pessoas e as coisas que nos cercam;
aceito a dependência com relação ao outro ou às coisas com algo inevitável.
Será que consegue perceber a
complexidade do simples, onde muitas vezes ser o coadjuvante nos garante o
papel principal em nossas próprias vidas?
Não há como descrever sentimentos
nem experiências, nem felicidade, nem envolvimento, e mesmo tendo o pé fincado
na realidade, dá para às vezes se deixar confundir sem procurar entender muito
as coisas, mas simplesmente vivenciar; no meu caso isto vai de encontro à minha
natureza inquisitiva, mas às vezes é necessário sim, abandonar a razão para
absorver coisas que a vida nos demonstra.
Nunca usei drogas ilícitas e isto
nunca me fez falta e nem fará, as
lícitas eu só uso se for para cura ou necessidade médica, eu nem sequer tomo
álcool ou uso cigarros, mas eu entendo as incríveis sensações que nossa mente e
nosso cérebro podem nos proporcionar principalmente estando de cara limpa, não
acho que existam experiências mais intensas do que se entregar às emoções de
forma coerente e tendo nossos desejos guiados por um estado de consciência limpo
e cristalino.
A mágica existe, mesmo que seja
somente uma manifestação de hormônios diante de nossa interação constante com
tudo que nos cerca e apesar da dureza da vida e a implacabilidade da natureza,
em algum lugar dentro de nós mesmos existe algo especial, algo além, não além
da natureza ou além deste mundo, mas algo tão real, tão natural que é objeto
permanente de nossos diversos mundos dentro da realidade.
Nós somos a nossa interpretação de
como nos vemos, e como nos vemos passa pela interpretação do que recebemos do
nosso mundo externo, ou do nosso interno mundo externo, onde é plausível
passear pela música, viajar pelas lembranças, se embebedar nos sentimentos, se
embriagar com beleza e se envolver em nosso próprio mundo que se torna um vulcão
do que recebemos para alimentar nosso id, longe do ego, mesmo que próximo ao
superego alimentado pelo que aprendermos, alimentado pelo que nós somos em
nossa extrema brevidade.
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