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sábado, 11 de outubro de 2014

Mistério da Felicidade


E

star junto a quem se gosta, ouvir uma música, ou simplesmente lembrarmos algo que nos faz feliz, pode fazer com que sejam geradas endorfinas e possamos sentir vários prazeres; existem poucas explicações que se pode dar para isto, e é um mistério o porquê certas coisas nos tocam de uma forma definitiva, além de nossa possibilidade de entendimento.

            Não consigo encontrar outra palavra além de algo religioso, mesmo que eu me reserve a opção de ser completamente cético quanto a existência de qualquer Deus, digo religioso no sentido de não ser passível de ser distribuída, representada ou entendida, a re-ligação neste caso vem com algo além da compreensão, não é a química fria, mas o resultado dela.

            No auge do meu ceticismo, em certas horas me dou o direito de ir além das barreiras do lógico para embarcar na nave da experiência. Quem é que nunca viajou nas lembranças? Quem não se emocionou com uma música ou com uma interpretação? Quem não se sentiu perto de alguém que já está distante no tempo, ou no espaço?

            Percebe que estamos conectados de alguma forma uns com os outros, mesmo com os que já se foram? Isto é uma coisa louca não concorda? O que me preocupa é quando deixamos este mundo do qual fazemos parte e passamos a perceber as coisas de forma egoísta, nos esquecendo que é impossível ter bons momentos sem as pessoas e as coisas que nos cercam; aceito a dependência com relação ao outro ou às coisas com algo inevitável.

            Será que consegue perceber a complexidade do simples, onde muitas vezes ser o coadjuvante nos garante o papel principal em nossas próprias vidas?

            Não há como descrever sentimentos nem experiências, nem felicidade, nem envolvimento, e mesmo tendo o pé fincado na realidade, dá para às vezes se deixar confundir sem procurar entender muito as coisas, mas simplesmente vivenciar; no meu caso isto vai de encontro à minha natureza inquisitiva, mas às vezes é necessário sim, abandonar a razão para absorver coisas que a vida nos demonstra.

            Nunca usei drogas ilícitas e isto nunca me fez falta e nem fará,  as lícitas eu só uso se for para cura ou necessidade médica, eu nem sequer tomo álcool ou uso cigarros, mas eu entendo as incríveis sensações que nossa mente e nosso cérebro podem nos proporcionar principalmente estando de cara limpa, não acho que existam experiências mais intensas do que se entregar às emoções de forma coerente e tendo nossos desejos guiados por um estado de consciência limpo e cristalino.
           
            A mágica existe, mesmo que seja somente uma manifestação de hormônios diante de nossa interação constante com tudo que nos cerca e apesar da dureza da vida e a implacabilidade da natureza, em algum lugar dentro de nós mesmos existe algo especial, algo além, não além da natureza ou além deste mundo, mas algo tão real, tão natural que é objeto permanente de nossos diversos mundos dentro da realidade.

            Nós somos a nossa interpretação de como nos vemos, e como nos vemos passa pela interpretação do que recebemos do nosso mundo externo, ou do nosso interno mundo externo, onde é plausível passear pela música, viajar pelas lembranças, se embebedar nos sentimentos, se embriagar com beleza e se envolver em nosso próprio mundo que se torna um vulcão do que recebemos para alimentar nosso id, longe do ego, mesmo que próximo ao superego alimentado pelo que aprendermos, alimentado pelo que nós somos em nossa extrema brevidade.



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