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domingo, 17 de março de 2013

Quando somos escravos de nós mesmos


U
ma frase de Harriet Tubman me fez pensar sobre as limitações que nos impomos; ela que foi uma real ativista dos direitos humanos sendo antiescravagista antes do fim da escravidão, feminista antes do feminismo, atuou pela liberdade dos escravos nos Estados Unidos, como espiã, se embrenhando em fazendas para  retirar muitos da escravidão, da qual ela mesma fugiu; a ela é atribuída a seguinte frase: "I freed a thousand slaves. I could have freed a thousand more, if only they knew they were slaves.", traduzindo significa: “Libertei mil escravos. Eu poderia ter libertado mais mil, se simplesmente eles soubessem que eram escravos”.
Até que ponto somos escravos de nossos conceitos, de nossas vaidades de nossa prepotência, ou até mesmo de nossa ignorância? Até onde vai a limitação de nossa percepção como seres pensantes? Sua escola, sua igreja, sua família, sua cidade, seus costumes, até onde te levam a não perceber que existem coisas além de suas fronteiras? Não estou querendo com isto tratar de nada místico, mas me referindo as coisas que estão além de nossa comodidade de pensamentos.
Somos frutos de tudo que nos cerca, mas quando é possível enxergar fora da caixa? Temos um código seja ele formal ou informal que faz com que vivamos em uma prisão de conceitos, mas que também regula nossa permanência dentro de um determinado grupo.
Existem pessoas, organizações que querem que mantenhamos o desconhecimento das falcatruas e das incoerências, com a deferência de um discurso de quem determina o que é mal, mas ou mesmo tempo segue a maldade, e por mais que não possamos perceber, somos sim instrumentos de injustiça no sentido mais amplo, no puro senso utópico.
Podemos nos libertar questionando até as nossas certezas. Convicções inabaláveis impostas por terceiros só nos levam à escravidão voluntária, mesmo sem nossa real percepção deste fato que às vezes pode até confortar, pois a revolta trás conflitos, sejam estes pessoais ou coletivos. Pensar diferente não é ser inimigo, talvez possa ser um passo até para o desprezo preconizado pelos supostos donos da verdade, mas também pode criar  um sentido de liberdade, liberdade de seguir a própria consciência e de lutar pelos mais puros ideais independentemente das pressões sociais e das regras.
Não faço alarde nem propaganda da libertinagem ou da liberalidade, mas da liberdade, principalmente da que prega ao outro o que se deseja a si mesmo. Pessoas como Harriet, estão à frente do seu tempo e ajudam a moldar um futuro de crenças e imposições quebradas pela simples razão e o desejo de existir em um mundo mais igualitário.
Há verdadeiros heróis escondidos por preconceitos do passado que agora se revelam, e eles não aparecem com espada, uniforme impecável em um  cavalo branco, elmo brilhante ou com uma capa; quase nunca fazem parte da elite financeira, mas estão junto à elite pensante e com aquele senso incomum acima da percepção do restante da humanidade, estes aparecem com qualidades suficientes para estimular a crítica para dar um tranco na nossa confortável percepção e nos levar a conhecimentos e conceitos que nunca antes nos demos conta.
A frase de Harriet não é inspiradora? Será que não nos ajudaria a quebrar as amarras inconscientes de nossa própria escravidão? Cabe a cada um descobrir do que está sendo escravo e do que precisa se libertar, ninguém pode garantir uma vitória, mas a própria luta pode compensar. Um conselho, mesmo que eu não acredite que eu tenha algo tão importante a dizer que você mesmo não saiba: Não seja escravo de si mesmo.

8 comentários:

  1. Somos escravos do nossos desejos, somos movidos pelo desejo sexual e pelo desejo de ser importante, o resto dos desejos são subproduto desses desejos.

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    1. Isto é uma visão completamente Freudiana, é válida de alguma forma, mas existem controvérsias. Muito obrigado pelo comentário pertinente.

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  2. Tempos modernos,somos bombardeados com tantas informações (mídia) que não temos certeza do certo e do errado, o que ontem era mau hoje é bom etc..palavras inspiradoras ,mas...de difícil execução,não sobra tempo para o homem pensar.

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    1. Concordo plenamente com esta visão, nós vamos só seguindo o "bonde" sem a possibilidade de pensar sobre o que nos cerca. Muito obrigado por comentar!

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  3. Muito bom ter postado sobre este assunto.
    Acho que no passado, conhecido apenas por livros, a humanidade não era tão escrava de conceitos, ideias, modismos. Atualmente com o excesso de informação que temos, ficou mais fácil se deixar escravizar, pelo menos para aqueles que não refletem. Combato isso no meu blog, quase que a cada post.
    Reflexão é a chave, mas parece que virou artigo de luxo. É pena!

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    1. Sim concordo, e o grande problema do bombardeio de informação é que muitas vezes este não possui qualidade e então nós recebemos mensagens de todos os tipos sendo que muitas delas são completamente dispensáveis, ou representam mentira ou são tendenciosas com o propósito único de influenciar negativamente, é neste momento que temos que dar uma paradinha pelo menos para filtrar o que interessa ou não. Muito obrigado pelo comentário.

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  4. Acredito que primeiro devemos nos libertar de certos preconceitos, e sendo livres em pensamentos e atitudes, poderemos guiar outros. Vejam que todos os libertadores, tiverem um momento, um Insight, um encontro consigo mesmos, se libertaram em pensamentos, atitudes então anunciaram aos quatro ventos. Harriet Tubman , afirma que não pode salvar alguns de si mesmos, de atitudes e ideias arraigadas; pessoas estas que infelizmente ainda hoje, não tem a "visão" do todo e da verdade, ficam no mundo e não aceitam mudanças, não tem olhos, não ouvem, não pensam, estão intoxicadas e morrem envenenadas com idéias de outros.

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    1. Excelente comentário, concordo em gênero número e grau, tão bem feito que nem vou complementar. Muito obrigado por comentar. Um abraço!

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