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de falar sobre as experiências dos outros das quais somos indiferentes, seria
bom esclarecer o que são neurônios espelho: Todos nós possuímos no córtex
cerebral, neurônios que são ativados quando agimos, sendo que estes mesmos
neurônios também se ativam quando vemos
o outro agindo, e as sensações percebidas são parecidas e isto significa
que naturalmente nos transportamos para a experiência do outro.
Quando você vê seu jogador preferido
fazendo um gol, pode se transportar e
sentir a mesma sensação, ou pode ver um Fórmula um e ter impressão
como você mesmo estivesse no carro, isto é uma coisa que nasce conosco.
Diante de uma tragédia, é fácil
perceber que indivíduos agem de formas diferentes, alguns se preocupam mais a
ponto de sofrer por quem foi vítima e têm maior tendência se sacrificar pelo
outro, alguns são indiferentes e se preocupam com o próprio umbigo sem querer
saber o que outros precisam; mecanismo de proteção? Possivelmente.
Não sei se por conta da tecnologia,
mas hoje as pessoas estão ao mesmo tempo cada vez mais próximas e cada vez mais
distantes, antigamente o contato pessoal era mais presente, entretanto
atualmente é possível conhecer alguém do outro lado do mundo e mesmo que não se
entenda uma palavra da língua de quem estamos nos comunicando, ainda há
possibilidade de entendimento e este tipo de atividade tende a se aperfeiçoar e
colocar todos mais próximos independentemente da distância.
Um problema cada vez mais recorrente
é uma dicotomia da distância, sendo que em alguns ambientes, humanos são
entendidos como coisa. Se você já recebeu uma resposta de uma mensagem do
Youtube em que primeiramente te xingam sem te conhecer, entenderá isto, e
também notará que este tipo de comportamento está longe de fazer parte do mundo
real, talvez neste caso não seja possível sempre nos reconhecermos nos outros.
Até onde a tecnologia nos impede de
nos identificarmos com a experiência alheia e até onde a reforça? As mídias
atuais nos apresentam as mais variadas informações sobre crimes, catástrofes,
acidentes e outros acontecimentos negativos ligados à vida cotidiana, e ao
mesmo tempo em que somos mais expostos a uma realidade perversa, maior parece a
indiferença.
Temos a capacidade de assistir uma
estória que sabemos que é ficção e nos emocionarmos, mas ao mesmo tempo podemos
ter notícias de coisas reais e nem ligarmos para isto.
Até onde nossa realidade hodierna
nos leva a sermos mais humanos ou nos leva a parecermos robôs em busca de
satisfação pessoal? Até onde perdemos a capacidade de sentir o reflexo das
experiências alheias para prestarmos atenção somente na nossa percepção
individual? Até onde estamos desafiando nossa natureza biológica com este novo
tipo de relacionamento humano?
Uma coisa eu aprendi: É necessário
que se dê um freio na visão do outro como simples objeto, pois não vejo futuro
humano sem humanidade, e por mais presente
que possa parecer, a convivência somente com uma tela de TV ou de um
monitor de computador, isto pode determinar o afastamento do que realmente
somos e deixarmos de nos colocar no lugar de terceiros e perceber a experiência
de sermos literalmente espelhos uns dos outros.
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