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quarta-feira, 20 de março de 2013

A experiência dos outros (neurônios espelho)



              
A
ntes de falar sobre as experiências dos outros das quais somos indiferentes, seria bom esclarecer o que são neurônios espelho: Todos nós possuímos no córtex cerebral, neurônios que são ativados quando agimos, sendo que estes mesmos neurônios também se ativam quando vemos  o outro agindo, e as sensações percebidas são parecidas e isto significa que naturalmente nos transportamos para a experiência do outro.

            Quando você vê seu jogador preferido fazendo um gol,  pode se transportar e sentir a mesma sensação, ou pode ver um Fórmula um e  ter impressão  como você mesmo estivesse no carro, isto é uma coisa que nasce conosco.

            Diante de uma tragédia, é fácil perceber que indivíduos agem de formas diferentes, alguns se preocupam mais a ponto de sofrer por quem foi vítima e têm maior tendência se sacrificar pelo outro, alguns são indiferentes e se preocupam com o próprio umbigo sem querer saber o que outros precisam; mecanismo de proteção? Possivelmente.

            Não sei se por conta da tecnologia, mas hoje as pessoas estão ao mesmo tempo cada vez mais próximas e cada vez mais distantes, antigamente o contato pessoal era mais presente, entretanto atualmente é possível conhecer alguém do outro lado do mundo e mesmo que não se entenda uma palavra da língua de quem estamos nos comunicando, ainda há possibilidade de entendimento e este tipo de atividade tende a se aperfeiçoar e colocar todos mais próximos independentemente da distância.

            Um problema cada vez mais recorrente é uma dicotomia da distância, sendo que em alguns ambientes, humanos são entendidos como coisa. Se você já recebeu uma resposta de uma mensagem do Youtube em que primeiramente te xingam sem te conhecer, entenderá isto, e também notará que este tipo de comportamento está longe de fazer parte do mundo real, talvez neste caso não seja possível sempre nos reconhecermos nos outros.

            Até onde a tecnologia nos impede de nos identificarmos com a experiência alheia e até onde a reforça? As mídias atuais nos apresentam as mais variadas informações sobre crimes, catástrofes, acidentes e outros acontecimentos negativos ligados à vida cotidiana, e ao mesmo tempo em que somos mais expostos a uma realidade perversa, maior parece a indiferença.

            Temos a capacidade de assistir uma estória que sabemos que é ficção e nos emocionarmos, mas ao mesmo tempo podemos ter notícias de coisas reais e nem ligarmos para isto.

            Até onde nossa realidade hodierna nos leva a sermos mais humanos ou nos leva a parecermos robôs em busca de satisfação pessoal? Até onde perdemos a capacidade de sentir o reflexo das experiências alheias para prestarmos atenção somente na nossa percepção individual? Até onde estamos desafiando nossa natureza biológica com este novo tipo de relacionamento humano?

            Uma coisa eu aprendi: É necessário que se dê um freio na visão do outro como simples objeto, pois não vejo futuro humano sem humanidade, e por mais presente  que possa parecer, a convivência somente com uma tela de TV ou de um monitor de computador, isto pode determinar o afastamento do que realmente somos e deixarmos de nos colocar no lugar de terceiros e perceber a experiência de sermos literalmente espelhos uns dos outros.

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