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terça-feira, 26 de março de 2013

Por que acreditar em Deus?





N
inguém nasce acreditando em Deus, aprendemos isto com as pessoas que convivemos principalmente durante a infância, sendo que isto é uma ideia implantada que não recebe qualquer tipo de avaliação e também nenhum tipo de crítica, pois é proibido duvidar, é necessário acreditar além de qualquer sombra de dúvida.

Será então que existem reais razões para crer? Faço esta pergunta, pois se não se usa o raciocínio quando Deus nos é apresentado, fica a dúvida se Deus é realmente uma ideia válida, ou se é somente uma imposição absurda que nos é definida simplesmente por tradição.

A maioria das pessoas que alega sobre a existência de um Deus, nunca se questionou de fato, sendo assim, a ideia se propaga de forma incólume sem qualquer questionamento, e isto pode levar a pensar que qualquer pensamento que se espalhe sem avaliação, pode ser falso desde a origem.

Com tantos deuses existentes, com formas diferentes, moral diversa, histórias e estórias singulares, com contradições visíveis entre eles, o que pode se determinar com certeza é que é impossível que todos os deuses sejam verdadeiros, e isto nos leva a poucas possibilidades que se resumem em: Alguns deuses são verdadeiros, ou todos os deuses são falsos, já que por exclusão é impossível determinar que todos sejam verdadeiros.

O que pode ser intrigante é que estes deuses são em sua grande maioria imperceptíveis por qualquer um dos sentidos humanos ou aparatos científicos, não se manifestam apesar de representarem leis rígidas que devem obrigatoriamente serem seguidas, e também o fato de que qualquer Deus, independente do que seja, move a humanidade por uma lógica um tanto paradoxal que muitas vezes contrasta com a moral humana e chega a se tornar imoral e sem qualquer sentido,  às vezes mesmo para os fiéis.

Pode  parecer piegas, mas como um ser bondoso admite a seca na Etiópia, ou provoca tsunamis no Japão, terremotos na China, furacões nos Estados Unidos, enchentes no Brasil, vitimando inclusive pessoas que frequentam templos e louvam estes seres invisíveis?

É comum se ouvir que quando uma pessoa é salva de algum acidente, mesmo que muitas outras morram pelo mesmo fato, que este indivíduo tenha sido salvo pela providência divina, e isto chega a ser confuso, pois se continuar vivo é uma dádiva de Deus, então como ele escolhe quem morre se os acidentes que ele supostamente criaria não fazem este tipo escolha, e também por que ele criaria os acidentes, ou por que levaria à morte inocentes como crianças que sequer tiveram oportunidade de conhecer a vida em sua plenitude?

 Quando se separa estes Deuses de todo o cenário, as coisas parecem começar a fazer sentido: Somente leis naturais indiferentes provocariam os acidentes, somente a indiferença humana permitiria a fome na Somália, e a imprudência seria o maior fator responsável pelos acidentes de trânsito. Pode passar pela cabeça então que a impossibilidade da existência de qualquer Deus aumenta nossa responsabilidade com nossos semelhantes, iguala as expectativas, aumenta o respeito à própria vida e à do próximo, então por que acreditar em um Deus?

Talvez Deus seja uma espécie de vacina anti- sofrimento, quem sabe? Algo que faz com que tudo que não sabemos tenha uma desculpa, ou uma solução, só que esta vacina não funciona, parece ser somente placebo, mas um placebo que deixa um monte de viciados dependentes de supostos lideres espirituais, viciados que não conseguem nem mais usar o cérebro para raciocinar o quanto são contraditórios e cruéis estes deuses.

A vida é um presente do destino, ou do acaso se preferir, mas alguns perdem muito tempo esquecendo-se de viver esta vida, com a esperança de serem felizes em outra que só tem por base a promessa de gente que nunca morreu para saber como é morrer, gente que sabe o mesmo, ou às vezes menos que os cordeiros que os seguem e que leem seus livros sagrados como se fossem robôs alienados da razão, sem se preocupar sequer em entender, tendo o propósito somente de seguir.

Como um ser inteligente que supostamente criou tudo, daria razão à gente burra que despreza a importância do estudo baseado na realidade, dando preferência à literatura imbecil de deuses do trovão, de homens que supostamente andam sobre as águas e ressuscitam outros homens só para que depois eles morram de novo, de virgens que são prêmio em outro mundo, de mulheres fecundadas por um ser invisível?

O fato é que se este Deus confuso e incompetente realmente existisse, talvez sua melhor decisão fosse cometer suicídio, já que a natureza hoje não precisa de nenhum diretor, mas como este Deus antropomórfico nunca deve realmente ter existido e só faz parte das mentes pouco esclarecidas e que não se deram ou não tiveram a oportunidade de duvidar,  então o responsável pela morte de quem nunca viveu, é cada um dos seres humanos, mas parece que muitos não querem assassinar a fantasia para salvar a realidade, talvez porque seja mais confortável se enganar  do que enfrentar a vida tal qual se apresenta.

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