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enho
visto por aí muitas coisas que me deixam contrariado, tenho a impressão que não
estou sozinho nisto, alguns dizem que as coisas estão piorando com relação ao
ser humano, mas eu me faço sempre uma pergunta básica que é a de se nós algum
dia já fomos melhores do que hoje, e a resposta que eu encontro é de que nunca
existiu na história um período melhor do que o atual no que se diz respeito à
violência e mesmo assim vivemos em uma situação quase limite; isto me faz
realmente por um momento perder algum tipo de esperança com relação ao grupo ao
qual pertencemos, mas depois eu me contento com o fato de que tudo possa ser
somente um processo no qual ainda não chegamos ao final, mas isto não afasta
aquele temor de que estejamos indo pelo caminho errado.
Quando eu vejo uma mulher tomando um
tiro porque segurou a bolsa quando estava sendo assaltada, ou quando invadem um
mercado e do nada voltam para matar
alguém desarmado e submisso, isto me deixa intrigado de onde estes
exemplos são encontrados na natureza, e devido à questão do egoísmo intrínseco
com o qual nascemos, fica claro que muitos veem o outro como uma simples coisa,
como se não pertencesse à mesma espécie, e não tivessem os mesmos direitos,
sentimentos e vontades, fico na dúvida em saber se realmente existe este
sentido de união de espécie entre nós.
Em alguns locais vira algum tipo de
moda matar pedintes, pessoas que precisam de ajuda e por isto passam a serem
odiadas; para alguns é normal também defender o aborto esquecendo completamente
que se trata de outra vida em formação, tudo isto em nome da carreira ou da
suposta impossibilidade de sustentar outra vida, então se esquece o foco
principal que é para onde estamos jogando o senso de humanidade e trocando por
uma suposta liberdade ilusória?
Será que a utopia do correto um dia
vai ser atingida? Será que estamos destinados ao desaparecimento por conta do
ódio que nos é gerado mutuamente? Neste
diapasão de coisificação seguimos todos, independentemente de crença ou atitude
política, o que noto é que sempre existe a coisa suja em qualquer segmento,
mesmo que seja até dentro da própria família, mas então como se livrar disto?
Será que ser puro em pensamentos não é se tornar fraco demais e começar a ser
vítima involuntariamente?
Talvez o fato de se incomodar com as
coisas erradas já seja um diferencial, talvez tomar posturas sólidas com base
no bom senso e no humanismo já seja um exemplo, mas será que conseguimos viver
só do exemplo sem corromper nossas bases idealistas? Sinceramente às vezes me
sinto sozinho pelo senso de respeito ao próximo, mesmo por que é necessário
desrespeitar quem não respeita meus ideais que podem ser considerados talvez
nobres demais.
Sempre há quem queira colocar alguém
no poço profundo, seja pela crença, seja pela cor da pele, pelo sexo, por
determinações políticas, por sede de poder; o grande e difícil truque é se
manter isento e separado desta teia, principalmente quando se está perdido nos
conceitos, ou quando se está contra todos, mesmo na certeza da retidão de ação.
O que deve ser considerado em tudo
isto segundo a minha visão hoje, é de que as pessoas não são coisa, não são
objetos descartáveis, não são produtos elimináveis. Mas e quando se lida com
alguns que são contrários a isto? Devemos os considerar como inimigos, ou
personas non gratas, ou dar a outra face? Para ser realista eu ainda não
encontrei na vida pessoalmente qualquer um que oferecesse a outra face, mesmo
sabendo que nossos maiores exemplos de humanidade em todos os tempos,
simplesmente descartaram a violência e foram felizes por conta disto, mas
também não deixaram de pagar um preço alto por serem honestos em seus
princípios ou por entender as pessoas como iguais.
O que hoje serve para mim é que por
questões humanitárias, não trato um pedinte como coisa por que poderia ser eu,
não trato um feto como coisa, pois um dia já fui um, não trato uma mulher como
coisa, pois dentro da escala humana elas são o princípio e as maiores
responsáveis pela preservação da vida, não me trato como coisa, pois tenho que
respeitar o meu corpo assim como devo respeitar o dos outros, não trato animais
como coisa, pois podem ser companhia fiel e com tudo isto não consegui ainda
aprender qual a lógica, a visão ou a justificativa para alguém que trata seu
semelhante como um alienígena, e pior ainda como inimigo sem razão para ser.
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