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sábado, 23 de fevereiro de 2013

A Inocência dos Anjos



       
Q
uando se perde a inocência? Quando se aproveitam dela? Por que supostos defensores da inocência se ocupam em destruí-la?

            A Igreja Católica defende de forma fervorosa o celibato, o casamento de pessoas virgens, relações sexuais somente após o casamento,  sexo somente para procriação, sendo que nega celebração de casamento de pessoas que por condição física ou médica, não possam ter filhos;  este posicionamento me deixa confuso, pois, com tanta restrição a relações conjugais, por que  um casal  estéril deva ser alijado da opção de se juntar a outro para crescerem em experiência?  E por que isto ocorre por ordem de um Deus bondoso?

            Acredito que inclusive não seja salutar procurar entender a lógica religiosa devido ao fato desta não existir, pois ao mesmo tempo em que defende posições retrógradas, tenta esconder escândalos de pedofilia? Se a própria igreja não pune integrantes que além da suposta justiça divina que é defendida por ela, ainda infringem a leis dos homens, então onde esperar coerência nos seus ditos.

            Existe algo mais covarde que a ação de um pedófilo? Convencer uma criança a receber uma violência que servirá para compor a satisfação de um doente mental que não vê no outro a inocência, ou pior, se aproveita dela.

            Talvez existam pessoas interessadas nos números, eu me interesso mais pelos fatos e pelo entendimento que se quem determina regras aceita que as elas sejam quebradas, então esta regulação só serve para enganar quem as segue e beneficiar quem as faz. 

Quantos casos de pedofilia bastariam para denegrir a imagem de uma igreja? Para mim a resposta é clara: Bastaria apenas um caso, mas o que se vê é que a mesma severidade que manda para o fogo eterno sem mais nenhuma possibilidade de perdão, alguém que descrê de um suposto benfeitor que é conceitualmente falível pelas suas próprias criações mal acabadas que refletem diretamente sua incompetência, retirar a inocência de um anjo parece não ter importância a ponto dos criminosos não serem sequer excomungados  pelo crime, e ainda terem a própria igreja católica como cúmplice que esconde os fatos.

Não gostaria de falar neste momento sobre ideias mirabolantes de esquizofrênicos funcionais que se valem de uma logorréia alucinada para alegar invasão de homossexuais de forma organizada e planejada com a intenção de denegrir a imagem da igreja, pois até uma criança pode notar o quanto esta afirmação é sem sentido e o quanto de preconceito existe quando se associa homossexualidade à pedofilia, principalmente porque um pedófilo pode ter o seu alvo em qualquer criança independentemente de gênero, mas a atitude imbecil de inventar circunstâncias completamente esdrúxulas, mesmo que nunca aceitável, chega a ser compreensível para quem é conivente com o crime. Dar desculpas sobre atos levianos e odiáveis só demonstra que quem as inventa aceita  a violência aplicada, portanto também é cúmplice dos pedófilos.

Será que mães e pais não deveriam se preocupar com padres? Eu não conheço nenhuma fonte baseada em qualquer tipo de organização que deixe claro que exista grande possibilidade de em determinado ambiente existirem mais criminosos pedófilos do que em qualquer igreja, talvez minha ignorância se dê pelo fato da pedofilia ser praticada de forma isolada, sendo assim a igreja e seus sacerdotes deveriam abandonar o discurso hipócrita da pureza, enquanto seus elementos de confiança são destruidores da pureza dos anjos, e neste contraste com a sociedade, a igreja destrói limites, conseguindo ser criminosa aos próprios preceitos que quebra, levando junto o desprezo aos princípios da moral social.

            Se a igreja fosse algo sério, expulsaria, excomungaria, exporia, puniria e colocaria à disposição da justiça todos os pedófilos, faria uma guerra santa com objetivos e propósitos reais, e não as guerras que já incentivou ou implantou sempre sob a égide dos ganhos terrenos.
            Que os anjos permaneçam anjos até terem discernimento suficiente para cortarem suas próprias asas e deixarem de serem anjos através de suas próprias escolhas.

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