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humanos temos apenas um pequeno percentual de percepção das coisas que nos
cercam, outros animais têm uma percepção em certos pontos melhor do que a que
temos; uma coruja ou um gavião enxergam melhor, um cachorro tem olfato mais
apurado, um cavalo tem melhor audição, enfim, algumas funções que servem para o
entendimento do mundo são mais apuradas em outros animais do que em nós, mas se
outros seres vivos têm capacidade melhor de perceber certas coisas, então como
seria ter esta percepção? Só é possível imaginar.
Uma coisa a se entender é que
qualquer sensação que tenhamos é somente uma compilação particular da natureza
captada pelo cérebro, pois som é onda, luz é onda e esta captação não é a mesma
nem dentre os seres humanos; daltônicos não enxergam da mesma forma que os não
daltônicos, a percepção do som é diferente em cada um e o cérebro prega peças o
tempo todo, pois todo o funcionamento parte de uma interpretação particular e
nada é realmente como percebemos.
Se uma pessoa vê uma cor azul isto é
só uma simulação, pois, na verdade as coisas não possuem cor, elas só refletem
comprimentos de ondas que entram pelo olho, atingem a retina e o cérebro
transforma estes impulsos em imagens, portanto vemos o que não existe.
O mundo que nós percebemos só existe
em nossas mentes, nosso mundo real não é
a realidade, é somente uma modificação dela, com isto vivemos em uma verdadeira
Matrix, mergulhados em um mundo que não é o que percebemos, então qual será a
realidade? Por incrível que pareça, só se encontra no pensamento, na percepção
racional e não nos sentidos.
Nosso cérebro é o que realmente somos
em termos cognitivos e ele é sujeito a falhas; a distinção entre memória e
imaginação está longe de ser perfeita, pois sem querer temos memorização de
coisas que persistem a vida inteira, ao mesmo tempo em que esquecemos muitas coisas. As experiências passadas mudam
de interpretação e é possível que lembremos coisas que nunca aconteceram em
nossas vidas, então esta percepção confusa de nos mesmos é que gera o
entendimento da natureza, evidentemente cheia de falhas.
Não sabemos realmente onde estamos
nem o que somos, portanto podemos entender que mundos paralelos inalcançáveis
pela percepção humana são completamente plausíveis, mas o perigo nisto
tudo é que é mais fácil inventar estes orbes do que realmente percebê-los
dentro de nossas possibilidades limitadas.
Minha intenção não é a de confundir,
mas sim a de perceber que estamos perdidos dentro de nós mesmos e ligados a uma
realidade que não é real, a uma percepção que na verdade é uma simulação e a
convicções que não podem ser confirmadas somente com o uso dos sentidos.
Nossa aventura humana passa pelas
descobertas, passa pela abstração além do perceptível e talvez isto seja a
fonte de algum tipo de sentido para as coisas, talvez estas limitações sejam o
ponto primordial para a necessidade de
entendimento do Cosmos e do que realmente somos. No meu ponto de vista
particular não vejo caminho para este desenvolvimento auto imposto senão pela
ciência, pela honestidade de não aceitar verdades absolutas sem qualquer
explicação, pois o que se percebe é que é muito mais fácil ampliar a Matrix e
se engalfinhar com um universo de fantasia do que entender a realidade, pois
intrinsecamente nossos mecanismos de percepção do real, estão mais propensos a
nos enganar do que nos permitir o conhecimento cristalino do que nos cerca.
Escapar da Matrix pode ser
impossível, mas saber que existe algo além só depende do nosso despertar à
procura da verdade longe da determinação criada por qualquer inspiração
dogmática.
Que todos saibamos que estamos em
uma Matrix e que a pílula vermelha pode significar Ciência e ciência nos seus
sentidos mais amplos.
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