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m amigo meu uma
vez resolveu me contar uma de suas aventuras de infância, quando mais ou menos
aos seis
anos de idade resolveu fugir de casa por estar contrariado com a mãe,
ele fugiu e disse que andou muito e que achava que havia ido muito longe, pois a mãe o deixou fugir, mas
depois de andar bastante ele se arrependeu e voltou; depois de adulto ele mediu
a distância da casa dele até o fim da longa caminhada e não dava uns 500 metros , e é claro
que a mãe o estava seguindo escondida para saber até onde iria a audácia do
pequeno.
Nós às vezes queremos fugir de
certas coisas porque elas não são como queremos, e às vezes no impulso tomamos uma decisão
impensada, ou não tomamos decisão nenhuma quando é necessário, e tudo isto se
dá pela covardia em enfrentar situações desagradáveis, é como uma criança com
birra que quando não tem sua vontade acatada, esperneia, grita e chora.
Encarar a veracidade das
circunstâncias nem sempre é agradável, aliás, nossa vivência das coisas na
maioria das vezes é trágica, pois acidentes acontecem e, pela Lei de Murphy: "Se algo pode dar errado, dará",
então ao decidir qualquer coisa que não dê certo a culpa será de quem decidiu,
então vamos fugir deste lugar baby!
O circo é um cenário de ilusões
onde o fantástico acontece, onde as coisas são quase impalpáveis, lá tem o
palhaço sempre fazendo graça, tem os malabaristas que fazem peripécias difíceis
de serem feitas, tem os corajosos trapezistas, e também tem o mágico que aguça
a ficção; tudo isto fascina, mas por trás dos bastidores existe muito trabalho,
treino e muitas vezes uma vida difícil em que as crianças têm que se ajustar, e
na escola não podem fazer amizades profundas, pois estão sempre mudando de
lugar.
Já pensou como seria legal viver no
mundo da alegria onde tudo é maravilhoso?
Isto quando não se tem que limpar a caca do macaco, ou a sujeira do
elefante. Mas e se for o Cirque du Soleil
onde não tem animais? Prepare-se para sentir dores musculares e cansar
de treinar e ter a responsabilidade da vida do seu companheiro de palco. Pois é, nossa mania de pensamento seletivo
nos faz esquecer os revezes, portanto o lugar onde não estamos pode sempre ser
melhor do que o que estamos, e dificilmente isto vai mudar, é melhor não pensar
na possibilidade de construir nosso próprio ambiente porque pensamos que o que
está lá fora não pode ser pior do que temos ao redor, e é aí que muitas vezes
quebramos a cara.
É difícil sempre assumir a
responsabilidade? Claro que é. É difícil fazer escolhas? Não há dúvidas. O grande problema é que não dá para viver sem
responsabilidade, sem contrariedades e muito menos sem fazer escolhas, e muitas
vezes é necessário encarar o que acontece e não simplesmente agir como uma
criança e querer fugir, mas eu não discuto quanto ao fato de em determinadas
situações a vontade seja a de se esconder debaixo da cama.
Espere um pouco! Eu não estou
dizendo aqui que todos devam se achar
blindados com aço e desafiar tudo, nananinanão, estou falando da falta da
responsabilidade, do medo em assumir posições que são necessárias, falo da fuga
da realidade que alguns estão propensos até a abandonar de vez.
Não adianta chorar, não adianta
bater o pé, não adianta se focar no circo que passou perto da sua casa, pois
até o dono do circo pode não querer você por lá, e também cuidado ao tomar
decisões que depois torne difícil a possibilidade de voltar atrás.
O engraçado
em tudo isto é que eu me vejo dando conselhos que até eu mesmo acho difíceis de
cumprir, mas ser idealista creio que não faz mal nenhum. Opa! Será que eu não
estou fugindo da realidade? Acho que não, ou pelo menos tomara que não.
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