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domingo, 24 de março de 2013

Vamos fugir com o circo? Acho que não!



         
U
m amigo meu uma vez resolveu me contar uma de suas aventuras de infância, quando mais ou menos aos  seis  anos de idade resolveu fugir de casa por estar contrariado com a mãe, ele fugiu e disse que andou muito e que achava que havia ido  muito longe, pois a mãe o deixou fugir, mas depois de andar bastante ele se arrependeu e voltou; depois de adulto ele mediu a distância da casa dele até o fim da longa caminhada e não dava uns 500 metros, e é claro que a mãe o estava seguindo escondida para saber até onde iria a audácia do pequeno.

            Nós às vezes queremos fugir de certas coisas porque elas não são como queremos,  e às vezes no impulso tomamos uma decisão impensada, ou não tomamos decisão nenhuma quando é necessário, e tudo isto se dá pela covardia em enfrentar situações desagradáveis, é como uma criança com birra que quando não tem sua vontade acatada, esperneia, grita e chora.

            Encarar a veracidade das circunstâncias nem sempre é agradável, aliás, nossa vivência das coisas na maioria das vezes é trágica, pois acidentes acontecem e, pela  Lei de Murphy:   "Se algo pode dar errado, dará", então ao decidir qualquer coisa que não dê certo a culpa será de quem decidiu, então vamos fugir deste lugar baby!
          
            O circo é um cenário de ilusões onde o fantástico acontece, onde as coisas são quase impalpáveis, lá tem o palhaço sempre fazendo graça, tem os malabaristas que fazem peripécias difíceis de serem feitas, tem os corajosos trapezistas, e também tem o mágico que aguça a ficção; tudo isto fascina, mas por trás dos bastidores existe muito trabalho, treino e muitas vezes uma vida difícil em que as crianças têm que se ajustar, e na escola não podem fazer amizades profundas, pois estão sempre mudando de lugar.

            Já pensou como seria legal viver no mundo da alegria onde tudo é maravilhoso?  Isto quando não se tem que limpar a caca do macaco, ou a sujeira do elefante. Mas e se for o Cirque du Soleil  onde não tem animais? Prepare-se para sentir dores musculares e cansar de treinar e ter a responsabilidade da vida do seu companheiro de palco.  Pois é, nossa mania de pensamento seletivo nos faz esquecer os revezes, portanto o lugar onde não estamos pode sempre ser melhor do que o que estamos, e dificilmente isto vai mudar, é melhor não pensar na possibilidade de construir nosso próprio ambiente porque pensamos que o que está lá fora não pode ser pior do que temos ao redor, e é aí que muitas vezes quebramos a cara.

            É difícil sempre assumir a responsabilidade? Claro que é. É difícil fazer escolhas? Não há dúvidas.  O grande problema é que não dá para viver sem responsabilidade, sem contrariedades e muito menos sem fazer escolhas, e muitas vezes é necessário encarar o que acontece e não simplesmente agir como uma criança e querer fugir, mas eu não discuto quanto ao fato de em determinadas situações a vontade seja a de se esconder debaixo da cama.

            Espere um pouco! Eu não estou dizendo aqui que todos  devam se achar blindados com aço e desafiar tudo, nananinanão, estou falando da falta da responsabilidade, do medo em assumir posições que são necessárias, falo da fuga da realidade que alguns estão propensos até a abandonar de vez.

            Não adianta chorar, não adianta bater o pé, não adianta se focar no circo que passou perto da sua casa, pois até o dono do circo pode não querer você por lá, e também cuidado ao tomar decisões que depois torne difícil a possibilidade de voltar atrás.

O engraçado em tudo isto é que eu me vejo dando conselhos que até eu mesmo acho difíceis de cumprir, mas ser idealista creio que não faz mal nenhum. Opa! Será que eu não estou fugindo da realidade? Acho que não, ou pelo menos tomara que não.

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