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convidamos alguém para entrar em nossa casa, chamamos normalmente para oferecer
alguns momentos de amizade, demonstrar alguma consideração e de alguma forma
tentar agradar quem está vindo. Se convidarmos esta pessoa para fazer parte de
nossa vida, é porque queremos o melhor para ela.
Existe convite maior que um convite
para a vida? Neste caso, além da consideração, do agrado, ainda deve persistir
o carinho, pois este convite se estende até o dia em que as vidas dos
envolvidos deixarem de existir. Não é educado maltratar um convidado, ainda mais quando o convidado nem sequer tem
tempo de aceitar o convite e já é levado à convivência de forma forçada.
Qual o bem mais precioso que temos?
Muito embora alguns queiram se desfazer deste bem às vezes por situações onde o
desespero supera a razão, se este bem pertence a outros, temos o direito de
roubá-lo? Evidentemente o bem mais precioso é a própria vida, e o que a
acompanha é a esperança de que este bem persista por bastante tempo e que as
experiências que venham como bônus sejam positivas.
Infelizmente para grande parte dos
que são convidados à vida, existe o tratamento como se fosse a um intruso, como
se o convidado fosse um invasor que determina o fim das liberdades de quem
convidou. É difícil aceitar que
convidados sejam espancados, que sejam mortos, que sejam abandonados e
expulsos, mesmo não tendo solicitado para ser convidado.
Uma das coisas que nos faz sentir
bem é observar o bem dos outros, é sentir que nossas experiências negativas não
são reproduzidas para pessoas próximas, e não existe nada mais próximo que um
filho, então por que pais inescrupulosos insistem em danificar o bem mais
precioso de um terceiro? E o pior, por que pessoas insanas se sentem no direito
de determinar destinos negativos para quem não tem culpa?
O que se tem visto são pessoas
praticando pedofilia, pais matando filhos por ciúmes e também por conta de
relações conjugais conflituosas. Onde cabe nisto o respeito ao convidado? Onde
cabe nisto o direito da posse do maior bem ainda pouco desfrutado? A
irresponsabilidade leva pessoas a destruírem vidas e colocarem culpas em quem não
tem o mínimo de culpabilidade.
Se for para maltratar um convidado,
não o chame para fazer parte de sua vida. Se for para se desesperar, então que
o convidado conviva com quem vai aceitá-lo na vida, pois o que não dá para
aceitar é que se dê a vida para depois maltratar, ou que se dê a vida para
posteriormente tirá-la.
A vida pode ser um conjunto de
sonhos, mesmo dentro das dificuldades, mas tem muita gente distribuindo
pesadelos. Em nossa passagem curta pela existência não seria melhor que a
maioria das coisas estivesse ligada à felicidade, ou pelo menos à tentativa de
atingi-la?
Já percebeu o poder de um sorriso? O
poder da compaixão? Então por que não alimentar a alegria e ter respeito ao
invés do egoísmo calcado no sentido de posse e na desconsideração de que uma
criança tem um potencial para a felicidade, mesmo diante das experiências
negativas que todo mundo passa na vida?
Uma vez uma professora me disse que
a única coisa que diferencia o ser humano dos outros animais é a consciência de
espécie, no entanto o que se apresenta é uma grande quantidade de seres humanos
como espécie, mas não humanos em consciência, pois muitos têm a capacidade
nociva e repulsiva de descontar suas frustrações, fracassos e incompetências
nos que não são culpados.
Crianças devem ter sonhos, devem ter
boas experiências, devem até ser paparicadas e receberem recompensas que façam
com que tenham desejo pela vida, e isto serve com certeza para que o mundo se
transforme em algo bom, para que as experiências de desespero se desfaçam mais
facilmente, para que a igualdade de direitos prevaleça e também para que a
espécie humana dê valor ao sentido humano das coisas.
Educar não significa maltratar, não
significa destruir, não significa dar menos valia ao bem mais precioso dos
outros, portanto não convide ninguém que não queira que permaneça em sua casa,
mas se o convidado se apresentar repentinamente e sem convite, tome cuidado
para não fazer da vida dele o que você não queria que fizessem da sua, o
respeito sempre será bem vindo.
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