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domingo, 17 de fevereiro de 2013

O que esperamos para quem está chegando


           
   Q
uando convidamos alguém para entrar em nossa casa, chamamos normalmente para oferecer alguns momentos de amizade, demonstrar alguma consideração e de alguma forma tentar agradar quem está vindo. Se convidarmos esta pessoa para fazer parte de nossa vida, é porque queremos o melhor para ela.

            Existe convite maior que um convite para a vida? Neste caso, além da consideração, do agrado, ainda deve persistir o carinho, pois este convite se estende até o dia em que as vidas dos envolvidos deixarem de existir. Não é educado maltratar um convidado,  ainda mais quando o convidado nem sequer tem tempo de aceitar o convite e já é levado à convivência de forma forçada.

            Qual o bem mais precioso que temos? Muito embora alguns queiram se desfazer deste bem às vezes por situações onde o desespero supera a razão, se este bem pertence a outros, temos o direito de roubá-lo? Evidentemente o bem mais precioso é a própria vida, e o que a acompanha é a esperança de que este bem persista por bastante tempo e que as experiências que venham como bônus sejam positivas.

            Infelizmente para grande parte dos que são convidados à vida, existe o tratamento como se fosse a um intruso, como se o convidado fosse um invasor que determina o fim das liberdades de quem convidou.  É difícil aceitar que convidados sejam espancados, que sejam mortos, que sejam abandonados e expulsos, mesmo não tendo solicitado para ser convidado.

            Uma das coisas que nos faz sentir bem é observar o bem dos outros, é sentir que nossas experiências negativas não são reproduzidas para pessoas próximas, e não existe nada mais próximo que um filho, então por que pais inescrupulosos insistem em danificar o bem mais precioso de um terceiro? E o pior, por que pessoas insanas se sentem no direito de determinar destinos negativos para quem não tem culpa?

            O que se tem visto são pessoas praticando pedofilia, pais matando filhos por ciúmes e também por conta de relações conjugais conflituosas. Onde cabe nisto o respeito ao convidado? Onde cabe nisto o direito da posse do maior bem ainda pouco desfrutado? A irresponsabilidade leva pessoas a destruírem vidas e colocarem culpas em quem não tem o mínimo de culpabilidade.

            Se for para maltratar um convidado, não o chame para fazer parte de sua vida. Se for para se desesperar, então que o convidado conviva com quem vai aceitá-lo na vida, pois o que não dá para aceitar é que se dê a vida para depois maltratar, ou que se dê a vida para posteriormente tirá-la.

            A vida pode ser um conjunto de sonhos, mesmo dentro das dificuldades, mas tem muita gente distribuindo pesadelos. Em nossa passagem curta pela existência não seria melhor que a maioria das coisas estivesse ligada à felicidade, ou pelo menos à tentativa de atingi-la?

            Já percebeu o poder de um sorriso? O poder da compaixão? Então por que não alimentar a alegria e ter respeito ao invés do egoísmo calcado no sentido de posse e na desconsideração de que uma criança tem um potencial para a felicidade, mesmo diante das experiências negativas que todo mundo passa na vida?

            Uma vez uma professora me disse que a única coisa que diferencia o ser humano dos outros animais é a consciência de espécie, no entanto o que se apresenta é uma grande quantidade de seres humanos como espécie, mas não humanos em consciência, pois muitos têm a capacidade nociva e repulsiva de descontar suas frustrações, fracassos e incompetências nos que não são culpados.

            Crianças devem ter sonhos, devem ter boas experiências, devem até ser paparicadas e receberem recompensas que façam com que tenham desejo pela vida, e isto serve com certeza para que o mundo se transforme em algo bom, para que as experiências de desespero se desfaçam mais facilmente, para que a igualdade de direitos prevaleça e também para que a espécie humana dê valor ao sentido humano das coisas.

            Educar não significa maltratar, não significa destruir, não significa dar menos valia ao bem mais precioso dos outros, portanto não convide ninguém que não queira que permaneça em sua casa, mas se o convidado se apresentar repentinamente e sem convite, tome cuidado para não fazer da vida dele o que você não queria que fizessem da sua, o respeito sempre será bem vindo.

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