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alvez
seja muito cedo para fazer meu epitáfio, mas é que a todo tempo me pergunto
sobre o que eu estou fazendo aqui, o que realmente valeu a pena, o que eu não
deveria ter feito, enfim, uma hora ou outra todos que têm uma oportunidade
fazem um balanço da vida, mesmo que isto não tenha qualquer sentido, pois não é
possível mudar o passado e meu passado não me ajuda a planejar o futuro,
portanto ainda continuo nas armadilhas da vida e vou continuar a sentir
saudades do que eu nunca tive e do que possivelmente nunca vou ter.
Me
afastei da proteção e preferi a verdade, me joguei diante de um mundo real e
não levei em conta que as fantasias podiam me ajudar a viver, a passar pelos
momentos mais triste e me ajudar a aguentar as agruras da vida, mas pelo menos
sei que nasci para ver o mar, para enxergar um horizonte, mesmo que eu nunca
possa alcança-lo, ou seja, a rudeza em enxergar e perseguir um mundo real,
embora tenha afastado a fantasia, nunca me deixou fora da poesia, a poesia que
me permite sentir algo diferente que não tenho palavras para descrever,
portanto digo que seja o clima da vida, dos acontecimentos, um conjunto de
circunstâncias que me faz sentir que o cheiro do mar, o calor do sol no meu
rosto, a sensação de pisar na areia, o barulho das ondas, o gosto da água
salgada e a visão do
horizonte já fazem que em minhas lembranças isto seja o suficiente para me
levar de volta às praias que eu já visitei e me faz ter certeza que pelo menos
algumas coisas, mesmo as que eu não consigo lembrar podem ter valido à pena.
Não
sei o que é derrota, muito menos vitória, pretendo permanecer na inocência onde
as respostas estão por vir, não tenho respostas, simplesmente pretendo me
lançar ao mundo, como uma gaivota sem destino que simplesmente sobrevoa o mar
somente porque pode fazê-lo. As obrigações me oprimem, as responsabilidades que
a vida humana me impuseram me impedem de lançar vôos mais altos, mas talvez
como se fossem musas inspiradoras, por uns momentos eu posso me libertar usando
minhas asas, mas as que estão em minha mente, as que me fazem encarnar em um
pássaro e sentir o vento sobre meu corpo, mesmo sabendo que o que me leva a
incorporar é somente minha vontade, a minha imaginação e minha tentativa de
estar em sintonia com a liberdade e de pelo menos durante um átimo de tempo
estar solto sem ligação com
o aqui e agora, o mar consegue me levar neste caminho.
Em
meu epitáfio, mesmo que depois da minha ida eu pense que nada do que existe
poderá tocar meu ego, pois penso que este se desvanecerá se misturando com as
moléculas e a energia do Cosmos, que pelo menos alguém lembre que eu nasci para
ver o mar, e mesmo que nada faça qualquer sentido para qualquer ser humano que
pisou na Terra, pois destruindo a esperança de que exista algo além da morte, a
vida de cada um perca a importância, pelo menos para mim que durante a vida não
me importei em ser autêntico, me importei em não me iludir, me importei em
respeitar a realidade, assim todas as sensações que eu tive valeram à pena,
pois o Universo me permitiu experimentar coisas que muitas almas que não se
formaram não puderam ter, pois só acredito na alma quando existe um corpo em vida, e por
estar aqui tive oportunidade de ter uma vida, agradeço ao acaso, mesmo que meu
destino fosse traçado e que eu só tivesse vindo aqui a este mundo somente para
ver o mar.
Legal isso que escreveu.
ResponderExcluirValeu obrigado por ter lido e comentado.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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